Um dos crimes digitais que mais estão causando prejuízos é o sequestro de dados nas redes sociais.
“Pessoal, um casal de amigos ‘estão’ indo morar fora do Brasil. Irei postar algumas coisas deles. Preço de desapego”, escreveu um golpista numa mensagem se passando pelo dono do perfil.
Com a dona sem acesso à própria conta, o “sequestrador” vende o que nunca irá entregar: um celular pela metade do preço.
É rouba até o jeito de falar: “Sim, estou no ‘ap’ ainda, amiga, mas se quiser transferir para mim fica em paz.”
“É exatamente a forma que ela me responderia. Então, é muito convincente. E aí dando continuidade na negociação eu chamei ele pelo WhatsApp, conversei com ele. Para me tranquilizar, ele falou: ‘olha, para eu conseguir reservar o celular para você, o que você faz, você transfere o valor para sua amiga. Quando você pegar o celular com ela, ela transfere para mim’”, conta a jornalista Amanda Castro da Silva, que caiu no golpe.
“Os criminosos estão invadindo as redes sociais, assumem a identidade das vítimas e passam a praticar golpes. O criminoso saiu da rua e migrou para o ciberespaço e se aproveita de algumas vulnerabilidades para praticar esses ataques”, diz Alessandro Barreto, delegado de polícia especialista em crimes digitais.
Nas redes sociais, nossos dados ficam guardados atrás de um sistema de segurança em camadas. Se uma senha é roubada, vem uma nova barreira, a verificação por e-mail, por exemplo. Mas deixamos uma porta aberta quando vinculamos uma conta de rede social a um número de celular. Os especialistas explicam que criminosos hoje entram em contato com as operadoras, com dados vazados do titular e trocam o plano. Com um novo chip, fica fácil sequestrar o perfil.
Existe uma ferramenta para dificultar a ação dos criminosos, os aplicativos de autenticação gratuitos. Eles são como cadeados com combinações numéricas que mudam em segundos.
“É colocar aplicativos autenticadores nas suas contas e desvincular toda e qualquer função relacionada ao SMS. E o segundo é não vincular número de telefone a redes sociais. Agora, também o usuário tem que ligar o desconfiômetro, sempre estar atento, sempre verificar. Recebeu uma mensagem: ‘me manda um dinheiro’, checa antes de fazer qualquer pagamento, antes de comprar qualquer objeto, antes de mandar o dinheiro para qualquer pessoa”, explica Alessandro Barreto.
Foram 13 dias em que a Carla Alessandra Janke se sentiu amordaçada. Com a conta da criação de gatos na mão de bandidos. Enganaram clientes, receberam por filhotes que já tinham sido vendidos, ameaçaram amigos que denunciavam e ainda não devolveram toda a paz que ela tinha.
“É horrível, é angustiante. Nós, a família, os amigos estavam sofrendo com a gente. Todo mundo ajudava. Imagina você ter alguém se passando por você, usando suas fotos. Enfim, é revoltante”, afirma.
A Anatel afirmou que promove periodicamente campanhas preventivas em suas redes sociais e que as operadoras promovem ações para combater golpes e evitar fraudes, como a análise de muitos cadastros num mesmo CPF.
Da Redação; NCN= Nossa Conexão News com G1