A 26ª edição da Mostra Tiradentes, na última sexta-feira (20), homenageou a dupla de cineastas Ary Rosa e Glenda Nicácio, nascidos em Minas Gerais e atuantes no Recôncavo Baiano. Os jovens, que se formaram na cidade de Cachoeira, são diretores do aclamado filme baiano ‘Café com Canela’ e levaram a Tiradentes, Minas Gerais, o novo longa-metragem ‘Mungunzá’.
Ary e Glenda, que são mineiros e moram há 13 anos na Bahia – onde fundaram a Rosza Filmes e, desde então, fazem alguns dos títulos mais celebrados do cinema brasileiro contemporâneo -, subiram ao palco sob aplausos efusivos do público e receberam o Troféu Barroco das mãos de Lila Foster, uma das curadoras do evento, e de Joelma Gonzaga, secretária do Audiovisual do novo governo federal. Na plateia, os atores baianos Fabrício Boliveira, que atua em ‘Mungunzá’, e Thiago Almasy, do filme Na Rédea Curta, também dirigido pela dupla de cineastas.
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“É uma alegria estar aqui e é a alegria que sempre nos moveu”, disse Glenda. “As sessões em Tiradentes sempre foram tão vigorosas que nos mantêm querendo continuar fazendo”, completou. Ao lado dela, Ary disse ter recebido a notícia da homenagem como um alento justamente no momento em que passa o Brasil: “É um ano que reinaugura a possibilidade de voltarmos a ter esperança, isso numa cidade e numa mistura que forma nossas carreiras”. Ele relembrou que 2023 é o sexto ano seguido da dupla na Mostra.
A 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes segue até o próximo dia 28 na cidade mineira. Trata-se de um dos mais importantes festivais do país, que inaugura o calendário audiovisual brasileiro. “Mugunzá”, filme inédito da dupla, abriu a mostra. No sábado (21), o filme “Na Rédea Curta”, em cartaz em diversos cinemas do país, ganhou uma exibição pública gratuita em Tiradentes. Já no domingo (22), a trilha dos filmes de Ary e Glenda foi apresentada no show “Moreira e as Irmãs Sacaninha”, que reuniu em cena o cantor e compositor, Moreira (diretor musical dos projetos da produtora), com as atrizes Arlete Dias, Wall Diaz e Mary Dias, interpretando as canções autorais presentes na filmografia da dupla. Durante os dias da Mostra, os filmes “Café com Canela” (2017), “Ilha” (2018), “Até o Fim” (2020) e “Voltei” (2021), também assinados por eles, estarão disponíveis na plataforma do festival.
Para o coordenador curatorial da Mostra de Tiradentes, Francis Vogner dos Reis, “a singularidade do trabalho de Ary Rosa e Glenda Nicácio é um esforço coletivo a somar as pequenas diferenças em um território comum que é a região de efusiva cultura negra nas cidades de Cachoeira, São Félix e Muritiba. Se o território é determinante, o cinema produzido responde a um cotidiano e a um imaginário compartilhados, de caráter comunitário, tanto no ecossistema da equipe quanto na relação mais ampla com a cidade”.