Começaram as atividades de mobilização para prevenção e combate ao trabalho infantil na Secretaria de Assistência Social (SEMAS), nos CRAS do município e na Unidade descentralizada do Cadastro Único. A ação é promovida pela Prefeitura de Alagoinhas e contará com uma Audiência Pública, na sexta-feira (11), e a Caravana “Protetores da Infância – movimentando uma Alagoinhas sem trabalho infantil”, que acontecerá na Central de Abastecimento, no sábado, 12 de junho, Dia Mundial contra o Trabalho Infantil.
Com participação ativa da comunidade e cumprindo todos os protocolos de segurança sanitária, o CRAS de Nova Brasília realizou, durante a manhã desta quarta-feira (09), a “Ciranda da Proteção – Infância é para sonhar”. As psicólogas Daiana Santos e Laudelina Alves de Oliveira fizeram um bate-papo descontraído e informativo com as famílias, esclarecendo o porquê de se evitar o trabalho na infância e na adolescência.
“Nossa conversa é sobre algo que muitos adultos já podem ter passado: deixar de brincar para trabalhar”, começou Laudelina, “mas o brincar é um direito da criança. Se a criança é privada de traquinar e sorrir, ela pode se tornar um adulto fechado para a vida. Muitas pessoas cresceram trabalhando duro e temos uma expressão popular que diz que ‘trabalho nunca matou ninguém’. Isso não é verdade, temos que deixar essa mentalidade ser transformada”.
Daiane complementou dizendo que nem toda morte é física, mas que um futuro pode ser colocado em jogo, se a etapa da infância não é respeitada. “Cada idade tem sua tarefa. As crianças não devem assumir responsabilidade de adulto”, alertou. “Se a família está tendo necessidade em casa e a criança é levada a trabalhar, é preciso procurar o estado”.
Da Redação: NCN= Nossa Conexão News com SECOM
Maria Vera, moradora da comunidade, aproveitou para contar um pouco da sua história. Segundo ela, aos 6 anos de idade começou a trabalhar em casa de família e, aos 7, foi abusada, o que lhe gerou uma série de dificuldades. “Até tento estudar, aos 46 anos, mas é mais complicado. Aprendo e desaprendo, ainda sou analfabeta. Olho para os papéis e não sei o que está ali”. Ela relatou que só consegue ler, minimamente, com letra de forma.
As técnicas do CRAS também alertaram que uma criança não deve tomar conta de outras crianças menores, após ouvir o relato de D. Joicicleia dos Santos, moradora da Rua 21 de Setembro, que disse ter vivido essa realidade, após seu pai morrer, quando ela tinha 7 anos de idade. “Minha mãe ficou sozinha, com 16 filhos e morreu aos 40 anos, de câncer”.
Mais uma vez, a equipe do CRAS ressaltou que, nesses casos, as famílias não estarão desamparadas. “Estamos aqui para fortalecer vínculos e reatar laços. Além disso, o estado deve garantir os direitos de quem está em situação de vulnerabilidade. Não tenham vergonha, vocês não estão pedindo!”.
Por fim, a coordenadora do CRAS, Arlene Melo, orientou os presentes a terem responsabilidade e compromisso junto às escolas, na educação das crianças e adolescentes. “Não deixem os filhos de vocês deixarem de estudar!”. Ela também informou que inúmeros casos de trabalho infantil já foram sanados na comunidade.
Fotos: Roberto Fonseca